Vester Lee Flanagan II, 41, foi demitido há dois anos da “WDBJ”, emissora onde trabalhavam Alison Parker, 24, e Adam Ward, 27, assassinados na manhã desta quarta-feira (26) durante uma transmissão ao vivo em Moneta, na Virgínia, nos EUA.
Flanagan, que trabalhava como repórter sob o nome de Bryce Williams, foi apontado como autor do crime. Segundo a polícia, ele atirou no próprio peito depois de tentar fugir do local, de carro, e morreu horas depois.
Uma conta no Twitter em nome de Bryce Williams postou, logo após o crime, alguns comentários sobre Alison Parker, acusando-as de ter feito observações racistas e dizendo que havia reportado tal acusação. Em seguida, escreveu: “eles [a emissora] a contrataram depois disso?” Alison Parker era estagiária da “WDBJ” até ser contratada no ano passado.
Flanagan acusou ainda Ward de tê-lo reportado ao setor de Recursos Humanos da empresa após terem trabalhado juntos. Ele então postou a mensagem “filmei o tiroteio, veja o Facebook”, e em seguida publicou vídeos do momento dos assassinatos, filmados em primeira pessoa.
A conta no Twitter (@bryce_williams7) foi criada há cerca de duas semanas. Antes do assassinato, Flanagan havia publicado algumas imagens pessoais no perfil.
Duas horas depois dos assassinatos, ele teria enviado um fax à emissora “ABC” fazendo referência à morte de fiéis em uma igreja negra da Carolina do Sul, em julho, indicando que a morte dos jornalistas seria uma vingança ao massacre.
“Um homem difícil de trabalhar”
Após a tragédia, a “WDBJ” dedicou todo seu espaço para lembrar das vítimas. Jeff Marks, diretor da emissora, também falou sobre Flanagan, contratado em 2012 e demitido um ano depois.
“Vester era um homem infeliz. Ele tinha algum talento, uma boa experiência, quando foi contratado, mas rapidamente ganhou a reputação de alguém com quem era difícil trabalhar. Ele procurava pessoas para que pudesse criar um conflito. Depois de vários episódios em que ele se deixou dominar pela raiva, nós o demitimos.”
Flanagan “não lidou bem” com a demissão, de acordo com Marks, e a polícia precisou ser chamada para retirá-lo do prédio. Apesar disso, o suspeito não deu indícios de que faria algum mal a alguém da emissora – ele encontrou alguns funcionários da “WDBJ” pela cidade após ter sido demitido, sem qualquer reação, segundo o representante.
Antes de ser demitido, Flanagan fez acusações de ter sido vítima de racismo. “Falamos com todo mundo na emissora, apesar de termos aqui um ambiente muito diversificado. Nenhuma acusação foi corroborada, e acabou arquivada”, disse Marks.
Em 2000, Flanagan disse ter sido vítima de racismo ao ser demitido da “WTWC-TV”, uma afiliada da NBC em Tallahassee, na Florida. Segundo o jornal “Tallahassee Democrat” publicou na época, ele alegou que diretores e colegas fizeram comentários ofensivos sobre negros e que, ao reclamar disso, acabou demitido.
A “WTWC-TV” negou as acusações. Segundo o jornal “The Telegraph”, uma fonte afirmou que Flanagan foi demitido por apresentar um comportamento “bizarro” e “ameaçar funcionários”. O caso foi resolvido em um acordo extrajudicial em 2001.
O suspeito tinha também uma conta no YouTube onde publicou, há cerca de dois anos, seu currículo, com várias reportagens para diferentes emissoras, abordando assuntos variados. Formado pela San Francisco State University, ele começou sua carreira como estagiário em 1993.
Além de trabalhar em diversas emissoras ao longo da carreira, Flanagan também atuou como modelo na década de 1990.
Uol