Começou a hora do homem bomba

WhatsApp
Facebook
Twitter

:Tereza Cruvinel

Eduardo Cunha sempre soube que se o pedido de cassação de seu mandato chegasse ao plenário, não conseguiria barrá-lo. Por isso jogou pesado no Conselho de Ética ao longo dos últimos oito meses e ainda tentará, com poucas chances, anular a decisão desta terça-feira, a favor da cassação. No calor da notícia, o Planalto dissimulou. Uns diziam que o desfecho será bom, trará estabilidade à Câmara. Outros diziam-se preocupados com o andamento das votações mas o que todos devem sentir é temor pela reação da fera ferida. Em reunião com os líderes na Câmara hoje Temer vai tomar o pulso da Casa. Na vertigem da crise vai sendo esquecido o fato de que Dilma Rousseff só foi afastada e enfrenta o impeachment porque o PT se recusou a votar contra a abertura do processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética. Ato contínuo, ele acolheu o pedido de impeachment.

Ontem, aparentemente surpresos com o resultado da votação no Conselho de Ética, a recomendação palaciana era para que todos evitassem declarações até ser conferido “o tom” com que Eduardo Cunha reagiria. Ou seja, que avaliação ele fará do comportamento de Temer e dos peemedebistas do governo em sua hora crucial. O Planalto chegou a tentar uma atuação em seu favor mas foi dissuadido pela reação de alguns partidos de sua base. Deixou correr. Mais que isso, negou qualquer intenção do presidente interino de ajudar o aliado. Cunha vai tirar suas conclusões e elas ditarão sua reação.

Nas últimas 48 horas, além da derrota no Conselho, ele foi alvo de uma ação de improbidade, de uma ordem de bloqueio de seus bens pela Justiça Federal e de uma multa do Banco Central no valor de R$ 1 milhão por ocultação das contas no exterior. Sem falar no pedido de sua prisão preventiva apresentado pelo procurador-geral, e ainda não decidido pelo relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki. Diante do cerco, começarão as deserções nas fileiras de Cunha. Elas começaram com os dois votos decisivos no Conselho de Ética.

Tornou-se uma banalidade, repetida até pelos seguranças e garçons do Congresso, a previsão de que, se for preso, Cunha fará a mais retumbante das delações premiadas. Que levará consigo mais de 150 deputados, não sei quantos senadores, ministros e outros medalhões. Logicamente isso ameaça o Congresso e ameaça o governo Temer.

Mas se vier esta bomba atômica, ela pode redentora. No ponto a que a crise chegou, com o sistema político-partidário inteiramente comprometido pelo financiamento empresarial espúrio que turbinou a corrupção, com a presidente constitucionalmente eleita afastada por um golpe parlamentar aplicado com segundas intenções, e um governo ilegítimo rejeitado por ampla maioria da população, a derrubada das colunas podres que ainda estão de pé pode ser a porta para a restauração democrática. Um crash que pode propiciar um novo pacto entre a sociedade e sua elite política.

Ele poderia começar com a rejeição do impeachment de Dilma mediante uma carta-compromisso dela em favor do plebiscito em outubro sobre a realização imediata de nova eleição presidencial. Se a bomba de Cunha detonar fortemente o Congresso, seria o caso também de uma nova eleição parlamentar. Mas para salgar mesmo a terra corrompida, o recomeço teria que ser mais radical, incluindo a eleição de uma Constituinte exclusiva para reformar completamente o capítulo do sistema político-eleitoral, que a Constituinte de 1988 deixou praticamente intocado depois da ditadura. Pelo contrário, incentivou sua degradação, permitindo o surgimento da indústria dos partidos de aluguel.

Uma constituinte exclusiva seria composta por representantes do povo que, realizada a tarefa, não poderiam, por alguns anos, disputar mandatos eletivos. E sem estas pretensões, não legislariam para si mesmos nesta matéria (como os de 1988), mas para outorgarem à democracia brasileira uma oportunidade renascimento.

Gostem ou não da ideia, estamos nos aproximando do momento em que só a repactuação social permitirá uma saída.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Últimas Notícias

Screenshot_20241208_210649_WhatsApp
Luto - David Barroso de Souza
Screenshot_20241010_083144_WhatsApp
Nesta sexta-feira, café da manhã no Sinpfetro
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
Screenshot_20240916_193205_Gallery
Luto - Mauro Gomes de Souza
Screenshot_20240804_200038_Facebook
BEE GEES E O BULLYING - Jair Queiroz
Screenshot_20240730_075200_WhatsApp
Nota de pesar - OLINDINA FERNANDES SALDANHA DOS SANTOS
Screenshot_20240718_121050_WhatsApp
Luto - Adalberto Mendanha
Screenshot_20240714_160605_Chrome
Luto - Morre Dalton di Franco
Screenshot_20240702_125103_WhatsApp
Luto - Cleuza Arruda Ruas
Screenshot_20240702_102327_WhatsApp
Corpo de Bombeiros conduz o corpo do Colega Jesse Bittencourt até o cemitério.

Últimas do Acervo

Screenshot_20241020_205838_Chrome
Dez anos do falecimento do colega, Henry Antony Rodrigues
Screenshot_20241015_190715_Chrome
Oito anos do falecimento do colega Apolônio Silva
Screenshot_20241005_173252_Gallery
Quatro anos do falecimento do colega Paulo Alves Carneiro
Screenshot_20240929_074431_WhatsApp
27 anos do falecimento do José Neron Tiburtino Miranda
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
07-fotor-202407269230
Vário modelos de Viaturas usadas em serviço pela PC RO
Screenshot_20240831_190912_Chrome
Dois anos da morte do colega Aldene Vieira da Silva
Screenshot_20240831_065747_WhatsApp
Quatro anos da morte do colega Raimundo Nonato Santos de Araújo
Screenshot_20240827_083723_Chrome
Quatro anos da morte do colega Altamir Lopes Noé
Screenshot_20240811_181903_WhatsApp
Cinco anos do falecimento do colega Josmar Câmara Feitosa

Conte sua história

20220903_061321
Suicídio em Rondônia - Enforcamento na cela.
20220902_053249
Em estrada de barro, cadáver cai de rabecão
20220818_201452
A explosao de um quartel em Cacoal
20220817_155512
O risco de uma tragédia
20220817_064227
Assaltos a bancos continuam em nossos dias
116208107_10223720050895198_6489308194031296448_n
O começo de uma aventura que deu certo - Antonio Augusto Guimarães
245944177_10227235180291236_4122698932623636460_n
Três episódios da delegada Ivanilda Andrade na Polícia - Pedro Marinho
gabinete
O dia em que um preso, tentou esmurrar um delegado dentro do seu gabinete - Pedro Marinho.
Sem título
Em Porto Velho assaltantes levaram até o pesado cofre da Padaria Popular
cacoal
Cacoal nas eleições de 1978 - João Paulo das Virgens