Crônica de uma tragédia anunciada (sobre o assassinato do médico Alexandre Muller pelo próprio filho)

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O garoto nunca andou de ônibus. Tinha um táxi para levá-lo para o colégio, para o curso de inglês, para os passeios com os amigos. Cardápio repetido? Nem pensar!

Por Lu Braga
Estou até agora tentando entender essa tragédia. Talvez eu nunca entenda. Essas coisas não têm explicação. As manchetes dos jornais de hoje acabam conosco: “Filho mata pai”.

Alexandre Muller era médico, ex-secretário de governo, empresário bem sucedido no Norte e Nordeste do país. Ele era pai de dois meninos, um já casado e outro adolescente.

Alexandre nasceu rico, teve oportunidade de estudar nos melhores colégios e depois escolheu ser doutor.
Ainda jovem, saiu da Paraíba e partiu para trabalhar na Amazônia.

Pautou sua vida na honestidade. Não se deu bem na política. Motivo? Não pactuava com coisas erradas, não precisava roubar o dinheiro do povo para ser rico. Sendo assim, ele abandonou o cargo de secretário estadual de Saúde de Rondônia em seis meses, denunciou uma suposta “organização criminosa” que atuava nos bastidores do Governo e que resultou na prisão de inúmeras pessoas.

Talvez esteja aí a ausência das notas lamentando a morte dele. O Alexandre era muito inteligente, um nordestino de sangue quente, um verdadeiro `Cabra da peste`, não aceitava entrar no jogo.

Quem o conhecia de verdade, sabe do que estou dizendo. Ele era uma pessoa muito generosa. Ajudava muita gente com dinheiro, remédio, comida, trabalho, oportunidades. Era uma pessoa solidária, amável e fiel. Digo sem erro!

Em meio aos seus encontros casuais, acabou engravidando uma jovem que vivia na periferia de Porto Velho. Por falta de compatibilidade, segundo ele, acabou não se casando, mas decidiu criar o filho e ofertar tudo o que fosse necessário.
O menino de 16 anos era sua grande paixão. Ele se anulava para atender todos os caprichos do filho.

Os amigos mais próximos acompanhavam essa luta. Era realmente uma verdadeira luta. A gente dizia que ele estava criando um mostro dentro de casa. Ele dizia que no final tudo daria certo.

O garoto nunca andou de ônibus. Tinha um táxi para levá-lo para o colégio, para o curso de inglês, para os passeios com os amigos. Cardápio repetido? Nem pensar!
Era fácil ver o Alexandre preocupado com o que levaria para o filho comer.

O menino abominava a possibilidade de viver na periferia com a mãe e os outros irmãos. Ele fazia chantagem emocional, gritava ao telefone e inúmeras vezes já tinha dado sinal de que o fim seria triste. Era uma tragédia anunciada.

O pai gastava horrores com terapia para os dois. Inúmeras vezes ele confessou não saber mais o que fazer. Alexandre andava armado depois das denúncias do suposto esquema de corrupção. Ele temia algum atentado. Tinha muito medo de morrer e deixar o filho sozinho. Ele só não imaginava que seria morto pelo filho dentro da sua própria casa.

Nós amigos, vivíamos atentos, tínhamos medo de uma tragédia. Pois é, num descuido, o filho irritado pelo fato do pai demorar a abrir a porta, iniciou uma discussão, pegou uma faca e acertou o coração dá pessoa que mais o amava.

O Alexandre irá fazer muita falta não só para nós amigos. Esse garoto que o matou, não faz ideia do parceiro de vida que ele perdeu. Um pai capaz de qualquer coisa para fazê-lo feliz.
Um homem fino, educado, e completamente apaixonado pelo filho que o matou.

Esse era o Alexandre Muller.

Amigo, você já faz muita falta para todos nós, acredite!

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