Carlos Henrique Ângelo – É jornalista no Estado de Rondônia
Escrevi aqui que os procuradores do MPF iriam encontrar ambiente hostil no Congresso. É que eles estão acostumados a pressionar e intimidar os que são obrigados a freqüentar seu território. Faz parte. Mas no Congresso é outra história. Ali é território de políticos e se intimidação valesse alguma coisa, Dilma não teria caído e Lula já teria sido eleito nada menos que papa, tamanha a gritaria da bancada do jardim de infância.
Pois bem. As coisas não saíram do jeito que os procuradores esperavam, mas nada que possa comprometer mais que os sonhos de grandeza do MP. Nem a Lava Jato, que vai muito bem mesmo sem as tais dez medidas. O tal abuso de autoridade – uma lei de 1965, reformada em 2009, muito antes, portanto do início da operação – não passa do jeito que pretendem os políticos. Se passar é vetada. E se não for vetada, cai no Supremo. Ponto.
Porque então a pirraça? Dizer que “se não for do meu jeito eu saio” é coisa de moleque birrento, sem qualquer maturidade para atuar em tão importante função. E, ao contrário do que imagina a imprensa, os procuradores não estão chantageando o Congresso para impor sua vontade de ver as dez medidas aprovadas mesmo com as inconstitucionalidades que contém. Estão chantageando a população.
Querem levar o povo às ruas para pressionar o Congresso na defesa não do estado democrático de direito, mas de seus interesses corporativos. E o povo, besta, cai na armadilha. Isso confirma o que eu ouvia quando era assessor do Ministério Público: “Metade dos promotores acham que são deuses. A outra metade tem certeza!”
Nota do subscritos deste blog: Meu caro Carlos Henrique, penso exatamente como você. Acho que todas as instituições, têm que se respaldar e respeitar a legislação vigente, pois como é sabido, ninguém está acima da lei e juízes e promotores, não são deuses, nem menores de idade, para serem inimputáveis Ora, se o profissional age dentro dos limites da legislação, não tem evidentemente nada a temer. Trabalhei durante quase três décadas na Polícia Civil, uma instituição, em cujo trabalho, existe uma linha muito tênue entre o acerto e o erro, já que se tem que decidir muitas vezes no calor da emoção e sem perda de tempo. Mesmo assim, mesmo com a espada de Dámocles permanentemente sobre as cabeças, o trabalho era realizado diuturnamente sem nenhum temor. Se os juízes e promotores querem parar a Operação Lava Jato, que inventem outra desculpa, não esquecendo que o servidor ao abandonar o trabalho para o qual foi designado ou que faz parte do seu mister, incorre no crime de prevaricação. Pedro Marinho