Discurso errático faz do PT uma legenda cômica

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Cesar Ogata Cesar Ogata

Josias de Souza 01/06/2016 03:46
O PT reuniu sua Executiva nacional nesta terça-feira (31). Divulgou uma resolução que desdiz o conteúdo de outra resolução aprovada pelo Diretório nacional da legenda há apenas duas semanas. Ao perceber que o primeiro documento, divulgado nas pegadas do afastamento de Dilma Rousseff, saiu rapidamente de moda, o partido encurtou um pouco a bainha, tingiu de outra cor, alargou nos ombros, apertou na cintura, colocou uns babados e saiu à rua como se a outra peça não existisse.

Na resolução de duas semanas atrás, datada de 17 de maio de 2016, o PT referiu-se à investigação que quebrou as pernas da oligarquia política e empresarial corrupta nos seguinte termos:

“A Operação Lava Jato desempenha papel crucial na escalada golpista. Alicerçada sobre justo sentimento anticorrupção do povo brasileiro, configurou-se paulatinamente em instrumento político para a guerra de desgaste contra dirigentes e governantes petistas, atuando de forma cada vez mais seletiva quanto a seus alvos, além de marcada por violações ao Estado Democrático de Direito.”

No novo texto, de 31 de maio de 2016, a Lava Jato deixa de ser um instrumento a serviço dos “golpistas” e vira um incômodo do qual os mesmos “golpistas” querem se livrar. Crítico contumaz dos vazamentos de fragmentos da investigação, o PT serviu-se gostosamente dos diálogos gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e divulgados por uma velha inimiga do petismo: a “mídia golpista”.

O PT realça os trechos em que o autogrampo de Sérgio Machado derrubou dois ministros do governo de Michel Temer: Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).

Sobre os áudios que caputaram a voz de Jucá, o PT anotou: “fica claro que a deposição da presidenta Dilma tem por um dos objetivos o estancamento das investigações no âmbito da Operação Lava Jato relacionadas aos partidos que engendraram o golpe. Como disse Jucá: ‘tem que ficar onde está….’, ou seja, seletivamente apenas criminalizar o PT e seus dirigentes.”

“Nas gravações do ex-ministro Fabiano Silveira, este oferece orientações de como escapar do processo de investigação da Operação Lava Jato e suas ramificações, justamente o ministro encarregado da transparência e combate à corrupção”, acrescentou a resolução petista. “A suposta agenda ‘ética’ do governo golpista se esfarela. Tudo confirma que uma das faces do golpe é a interrupção do combate à corrupção, processo que avançou enormemente com as medidas implementadas durante os governos Lula e Dilma.”

Um detalhe potencializa o caráter humorístico da nova manigestação do PT: foi nos governos de Lula e Dilma que o PMDB tornou-se cúmplice do PT no assalto à Petrobas e a outros nichos. Só na Transpetro, Sérgio Machado, um afilhado político de Renan Calheiros, plantou bananeira dentro do cofre durante 12 anos. Ou seja, mais do que medidas anticorrupção, o que o PT ofereceu mesmo à PF e à Procuradoria foi matéria-prima para inquéritos e denúncias.

Também na economia, as duas resoluções do PT se entrechocam. Na primeira, o partido esculhambou Dilma. Sustentou que a crise empurrou a presidnete petista para “uma encruzilhada: acelerar o programa distributivista, como havia sido defendido na campanha da reeleição presidencial, ou aceitar a agenda do grande capital, adotando medidas de austeridade sobre o setor público, os direitos sociais e a demanda, mais uma vez na perspectiva de retomada dos investimentos privados.” E Dilma optou pela agenda do “grande capital”, concluiu o PT.

Para o PT, o ex-ministro Joaquim Levy, o tucano a quem Dilma confiou a pasta da Fazenda no primeiro ano do segundo levou o governo ao inferno. “O ajuste fiscal, além de intensificar a tendência recessiva, foi destrutivo sobre a base social petista, gerando confusão e desânimo nos trabalhadores, na juventude e na intelectualidade progressista, entre os quais se disseminou a sensação, estimulada pelos monopólios da comunicação, de estelionato eleitoral. A popularidade da presidenta rapidamente despencou…”

No novo documento, divulgado nesta terça-feira, o PT defende a volta de Dilma sob o argumento de que o interino Michel Temer tenta “implementar e aprofundar o programa neoliberal derrotado nas eleições de 2014”. Ora, mas Dilma já não tinha abandonado esse programa? Não foi por conta do estelionato eleitoral que sua popularidade “despencou”?

Analisando-se as duas resoluções do PT, chega-se à seguinte conclusão: Fora a falta de rumo, a incoerência, a ausência de autocrítica, a flacidez ideológica, a descortesia com os aliados de mais de uma década e a autodesoralização, o novo discurso do PT é uma boa peça de humor.

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