: Após sete horas de uma arguição sem precedentes – pela duração, pela dureza das perguntas, pelo número de inquiridores e até por inovações como a de permitir a participação de internautas –, o jurista Luiz Edson Fachin já convenceu boa parte dos senadores que vinham criticando sua indicação para o STF; há quem preveja que ele terá de 20 a 24 votos num total de 27 integrantes da CCJ do Senado; a informação é da jornalista Tereza Cruvinel; agora, a indicação do jurista passa a depender muito da condução do processo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que ouviu ontem da presidente Dilma Rousseff um pedido para que ajudasse nesta batalha; a quem Renan atenderá?
Tereza Cruvinel –
Após sete horas de uma arguição sem precedentes – pela duração, pela dureza das perguntas, pelo número de inquiridores e até por inovações como a de permitir a participação de internautas – o jurista Luiz Edson Fachin já convenceu boa parte dos senadores que vinham criticando sua indicação para o STF. Alguns confessaram isso reservadamente, outros de público, como Eduardo Amorim (PSC-SE), que declarou ter mudado a opinião que tinha no início da sessão.
Fachin convenceu e conquistou apoios que não tinha, havendo quem preveja que ele terá de 20 a 24 votos num total de 27 integrantes da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Escapou com brilho das cascas de banana que tentaram lhe aplicar, vem se portando com humildade mas externando um preparo e um equilíbrio que desconcertaram os críticos. Agora, sua indicação passa a depender muito da condução do processo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros.
Através da Agência Senado, Renan abortou um pedido de urgência que seria apresentado pelo senador paranaense Roberto Requião para que a votação em plenário ocorresse amanhã ou na quinta-feira. Como se sabe, qualquer que seja o resultado da votação na Comissão de Constituição e Justiça, a última palavra será a do plenário. Renan antecipou-se anunciando que ali a votação acontecerá na terça-feira às 19 horas. Isso reforçou boatos de que ele estaria contra a aprovação do nome de Fachin e começara a externar isso a alguns senadores. Talvez seu objetivo tenha sido explicitar que ele é o senhor do tempo no Senado e que não apressaria a votação para atender ao Governo, a Dilma ou aos apoiadores de Fachin.
Mas há também que considera o dia e a hora péssimos. Muitos senadores podem não ter chegado ainda a Brasilia. Com quórum baixo, toda votação é arriscada. A data atende também a um pedido dos senadores tucanos Aécio Neves e José Serra, que estão nos EUA prestigiando uma premiação de FHC. Eles pediram a Renan que tentasse marcar a votação em plenário para quando já tiverem voltado.
De todo modo, nem os cisnes do Congresso acreditam naquela declaração dele, de que tem apenas um voto entre os 81 senadores. Um expressivo grupo do PMDB votam como Renan manda.
No voo que fez com Dilma para os funerais do senador Luiz Henrique em Santa Catarina, ele ouviu um pedido dela para que ajudasse nesta batalha. Disse textualmente precisar da ajuda dele. E teria recebido o sinal de que Renan não bombardeará a aprovação de seu indicado. Agora, o jogo depende muito dele.