Embora a Polícia Federal tenha sido explícita ao enfatizar que os pagamentos feitos ao marqueteiro João Santana não têm qualquer relação com a campanha presidencial de 2014, ao que se soma a declaração do juiz Sergio Moro sobre o fato de os recursos da chapa Dilma-Temer terem sido declarados, os jornais da imprensa familiar no Brasil sinalizaram, com suas manchetes desta terça-feira, que tentarão dar guarida a uma eventual tentativa de golpe via TSE; Globo, Folha e Estado já se alistaram para a tarefa de alimentar o fogo da ação tucana que pede a cassação da presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer; João Santana foi preso por ter recebido US$ 7,5 milhões da Odebrecht no exterior e fez campanhas presidenciais em vários países onde a construtora atua, como Angola, El Salvador, Panamá e República Dominicana
247 – No relatório que embasou o pedido de prisão do marqueteiro João Santana, a Polícia Federal foi explícita. Deixou mais do que claro do que os recursos depositados pela Odebrecht no exterior, numa conta de Santana no Panamá, não têm relação com a campanha presidencial de 2014, que reelegeu Dilma Rousseff e Michel Temer.
De acordo com a PF, as suspeitas em relação ao publicitário e sua esposa Mônica Moura são referentes a cerca de US$ 7,5 milhões que teriam sido recebidos pelos dois no exterior, por meio de uma empresa offshore que seria controlada pela empreiteira Odebrecht.
“Os valores referentes aos pagamentos pelo préstimo de serviços de João Santana e Mônica Moura para as campanhas eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva (2006), Fernando Haddad (2012) e da atual presidente da República Dilma Rousseff (2010 e 2014) totalizam R$ 171.552.185,00. Não há, e isto deve ser ressaltado, indícios de que tais pagamentos [das campanhas] estejam revestidos de ilegalidades”, concluíram os delegados.
Além disso, no despacho no qual autorizou a prisão dos investigados na 23ª fase da Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro citou os valores do relatório da Polícia Federal e disse que, “ao que tudo indica”, os recursos foram declarados.
No entanto, no que depender dos jornais impressos brasileiros, ligados às famílias Frias, Marinho e Mesquita, a oposição, liderada pelo senador Aécio Neves, terá toda a retaguarda do mundo para tentar levar adiante a tentativa de golpe, via Tribunal Superior Eleitoral, onde o PSDB move quatro ações para impugnar a chapa Dilma-Temer, empossando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) na presidência da República.
No Globo, a manchete é: “Prisão de marqueteiro de Lula e Dilma alarma Planalto”. A Folha vai além: “Moro decreta prisão de marqueteiro de Dilma, e cassação tem novo fôlego”. O Estado é quase idêntico: “Moro manda prender marqueteiro de Dilma; ação no TSE ganha força”.
Santana alega ter sido paga por campanhas no exterior. A Odebrecht, por sua vez, de fato executa obras em países como Angola, Panamá, El Salvador e República Dominacana, onde Santana efetivamente prestou serviços a candidatos que se tornaram presidentes.
A questão é: se a PF e Moro alegam que os pagamentos da chapa Dilma-Temer foram legais e declarados, por que diabos os jornais pretendem usar a Operação Acarajé para cassar uma presidente da República legitimamente eleita?