Segui meu rumo refletindo sobre a situação daquela pessoa estranha, no seu sofrimento, na sua falta de autoestima, na carga de desamor que carrega…
Ninguém adoece por prazer. Toda doença provoca dor física ou psíquica, ou as duas juntas, pois ambas se constituem no ser. Não se sofre por opção, mas pela falta dela. Se pudéssemos regredir a vida de uma pessoa sofredora como aquela que eu avistava, compreenderíamos suas razões a partir dos seus antecedentes socioafetivos iniciados no ambiente familiar e agravados através de outros relacionamentos disfuncionais pela vida a fora.
Preconceito, rejeição, castigos, ameaças, abusos, zombaria, receita desestruturante, despersonalizante, que não mata, mas enterra vivas suas vítimas.
Penso na incoerência de quem costuma dizer nas redes sociais que “no meu tempo não existia esse tal bullying”. Existia sim, amigo, porém vc desconhecia esse termo e não sabia que muitos loucos da sua época, muitos andarilhos, alcoolistas crônicos, ladrões e prostitutas foram vitimas dele.
O sofrimento psíquico ê invisível aos leigos e até mesmo ao sofredor. Costumo dizer que ele age como um fantasma dos filmes de terror. Chega causando alvoroço, bate, zomba, judia e não pode ser localizado.
A loucura é um artifício empregado pela vitima, um desvio para evitar a sucumbência. Funciona por algum tempo enquanto aquele ser vagueia como se “não possuísse alma”, mas no fim, morte comum o leva e sua “quase vida” não chega a se concretizar.
Mais tarde vi o mesmo jovem embaixo de um viaduto, conversando com algum ser tão invisível quanto ele se sente.
Pobre criatura de DEUS!
Jair Queiroz é psicólogo e policial aposentado