Rodolfo Stucker
Josias de Souza 21/08/2015 04:43
A denúncia da Procuradoria contra Eduardo Cunha levou a oposição a promover um ajuste na sua estratégia. Articula-se agora a formalização de um pedido de impeachment sem o aval do presidente da Câmara. Nesse formato, Cunha rejeitaria o requerimento de abertura de processo para o afastamento de Dilma. E a oposição recorreria ao plenário, para evitar que a decisão seja qualificada como uma vingança pessoal do denunciado contra o governo.
A aprovação do recurso exigiria maioria simples. Significa dizer que, alcançado o quórum mínimo para a abertura da sessão —257 dos 513 deputados—, bastaria que metade mais um dos presentes votessem a favor para que o indeferimento de Cunha fosse revisto. Com isso, o pedido de abertura de processo de impeachment poderia ser levado a voto. Sua aprovação exige quantidade bem maior de votos: 342. Um placar que a oposição está longe de atingir.
A fórmula que combina o indeferimento de Cunha com o recurso ao plenário já vinha sendo discutida com o presidente da Câmara. Ganhou força nesta quinta-feira, com a formalização da denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot no STF. O tema será discutido no início da próxima semana, numa reunião dos líderes dos partidos oposicionistas com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves.
Conforme já noticiado aqui, a oposição se equipa para lançar uma frente suprapartidária. Em reunião preparatória, realizada há dois dias, os líderes oposicionistas fizeram as contas. Concluíram que, por ora, o grupo tem potencial para reunir no máximo 170 deputados dispostos a votar a favor da abertura do processo de impeachment (o jugamento cabe ao Senado). Se a soma estiver correta, faltam notáveis 172 votos para alcançar os 342 necessários.