Perguntas que Lula é obrigado a ouvir constrangem mais que suas respostas

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Josias de Souza 06/11/2015 04:41
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Ninguém disse ainda, talvez por pena. Mas Lula tornou-se um personagem constrangedor. Ele constrange mais pelas perguntas que é obrigado a ouvir do que pelas respostas que não consegue dar. Na boa entrevista exibida pelo SBT na noite desta quinta-feira, o repórter Kennedy Alencar mostrou a que ponto chegou o morubixaba do PT ao indagar: Teme ser preso?

Alvejado por uma apuração da Procuradoria sobre tráfico de influência, intimado a depor na Polícia Federal num inquérito da Lava Jato, rodeado de filhos, parentes, amigos e ex-assessores sob investigação policial, Lula respondeu negativamente. “Eu não temo ser preso porque duvido que tenha alguém nesse país, do pior inimigo meu ao melhor amigo meu, do pequeno ao grande empresário, que diga que algum dia teve alguma conversa ilícita comigo.”

Noutro ponto da conversa, o repórter questionou o ex-mito sobre a desconversa do “eu não sabia”. Já não soube do mensalão. Como não saber também do petrolão? “Eu não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, não fui alertado pela Polícia Federal, não fui alertado pela Receita Federal ou pelo Ministério Público”, declarou. Noutros tempos, o lema de Lula era “sem medo de ser feliz.” Hoje, poderia ser: sem medo de ser ridículo.

Lula atingiu a máxima eficiência. Ele mesmo nomeia os ladrões, eles mesmo se jacta de ter vitaminado o combate à corrupção e ele mesmo se isenta de responsabilidade pela roubalheira. “Sou o presidente que mais visitou a Petrobras. Nunca ninguém me disse que tinha algum corrupto.”

Nessa época, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras. O companheiro João Vaccari transformava propinas em doações registradas pelo PT na Justiça Eleitoral. E Lula culpa o mundo por não ter sido avisado.

A alturas tantas, Lula repetiu para o repórter o mantra segundo o qual sua mãe morreu analfabeta, mas lhe ensinou a andar sempre de cabeça erguida. É animador saber que Lula conserva a fronte levantada. Com sorte, ao passar defronte de um espelho, vai acabar enxergando a imagem de um culpado. Do contrário, corre o risco de migrar da atual condição de constrangedor para o patético.

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