Presidido por réu, Senado vira Casa da galhofa

WhatsApp
Facebook
Twitter



Josias de Souza
A Justiça Federal de Brasília aceitou denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra Renan Calheiros. Nesse processo, o senador é acusado de enfiar no Orçamento da União emendas que favoreceram a construtora Mendes Júnior. Em troca, um lobista da empresa bancou o custeio de uma filha que Renan teve em relacionamento extraconjungal com uma repórter. Com isso, o Senado da República passa a ser presidido por um réu.

24.fev.2013 – Diversos protestos contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, foram articulados pelas redes sociais. Após a entrega de mais de um 1,5 milhão de assinaturas virtuais contra a posse do senador como presidente, os manifestantes foram para as ruas no último sábado (23) e neste domingo (24) em diversos locais do Brasil. Na imagem, manifestantes se reuniram no Rio de Janeiro.

Renan comanda o Senado pela quarta vez. A cada nova recondução, os senadores entregaram o comando a um Renan diferente. Primeiro, um presidente improvável. Depois, um presidente impensável. Na sequência, um presidente inaceitável. O Renan re-re-re-reeleito em fevereiro passado com o decisivo apoio de Dilma Rousseff é o mesmo Calheiros de sempre. O que mudou dessa vez foi o Senado, convertido pela reincidência em Casa da Galhofa.

Os vínculos monetários entre Renan e a Mendes Júnior vieram à luz em 2007. Os senadores tiveram, então, a oportunidade de cortar Renan pela raiz, passando-lhe na lâmina o mandato. Mas armou-se uma pantomima: em troca da preservação do mandato, Renan renunciou à presidência do Senado. E seus pares deram crédito à versão segundo a qual o dinheiro repassado por Renan à ex-amante viera da venda de gado.

Os senadores decidiram se fingir de bobos pelo bem da República. Proliferavam as evidências de que a defesa de Renan não parava em pé. Mas não convinha arriscar a estabilidade do Legislativo em nome da verdade. Então, ficou combinado desde essa época que nada tinha acontecido. E o Senado, habitat natural de vetustas figuras, passou a conviver com uma boiada de dúvidas.

O gado de Renan transita invisível pelo gabinete da presidência, pelo salão azul, pelo cafezinho, pelo plenário. De vez em quando, alguém pisa no rabo de uma vaca, arrancado-lhe um mugido. Foi o que sucedeu no final de janeiro de 2013, dias antes de o Senado reconduzir Renan à presidência pela terceira vez, com o apoio de Lula.

O então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, protocolou no STF uma denúncia contra Renan. Acusou-o de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. O relator do caso é o ministro Luiz Edson Fachin, recém-chegado ao Supremo. O processo envolve os mesmos fatos que acabam de fazer de Renan um réu. A diferença é que uma ação é penal e a outra é cívil, por improbidade.

Afora os mugidos que soam desde 2007, Renan responde a três inquéritos nascidos da Operação Lava Jato. Foram abertos no STF em março, pouco depois da quarta recondução de Renan à chefia do Senado. Procurado nesta quarta-feira para se manifestar sobre sua nova condição de réu, Renan preferiu não falar. Nem precisa.

Já está entendido que, para o Senado, os fatos relacionados a Renan não são morais nem imorais. São apenas dados de uma proeza: Renan dissociou-se de suas próprias ações. Mantém-se incólume a si mesmo.

À plateia resta concordar com uma velha tese de Dostoiévski: se Deus não existe, tudo é permitido. Se Renan continua na presidência do Senado, extinguem-se todos os valores éticos e morais.

Num instante em que o mandato de Dilma Rousseff está sob questionamento, você talvez devesse considerar a hipótese de rezar pela saúde de Michel Temer. A presença de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros nas presidências da Câmara e do Senado coloca no terceiro e quarto lugar na linha de sucessão o lamentável e o abominável. Se preferir, você pode tentar um suicídio. Tudo é permitido.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Últimas Notícias

Screenshot_20241010_083144_WhatsApp
Nesta sexta-feira, café da manhã no Sinpfetro
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
Screenshot_20240916_193205_Gallery
Luto - Mauro Gomes de Souza
Screenshot_20240804_200038_Facebook
BEE GEES E O BULLYING - Jair Queiroz
Screenshot_20240730_075200_WhatsApp
Nota de pesar - OLINDINA FERNANDES SALDANHA DOS SANTOS
Screenshot_20240718_121050_WhatsApp
Luto - Adalberto Mendanha
Screenshot_20240714_160605_Chrome
Luto - Morre Dalton di Franco
Screenshot_20240702_125103_WhatsApp
Luto - Cleuza Arruda Ruas
Screenshot_20240702_102327_WhatsApp
Corpo de Bombeiros conduz o corpo do Colega Jesse Bittencourt até o cemitério.
Screenshot_20240701_163703_WhatsApp
Luto - Jesse Mendonça Bitencourt

Últimas do Acervo

Screenshot_20241020_205838_Chrome
Dez anos do falecimento do colega, Henry Antony Rodrigues
Screenshot_20241015_190715_Chrome
Oito anos do falecimento do colega Apolônio Silva
Screenshot_20241005_173252_Gallery
Quatro anos do falecimento do colega Paulo Alves Carneiro
Screenshot_20240929_074431_WhatsApp
27 anos do falecimento do José Neron Tiburtino Miranda
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
07-fotor-202407269230
Vário modelos de Viaturas usadas em serviço pela PC RO
Screenshot_20240831_190912_Chrome
Dois anos da morte do colega Aldene Vieira da Silva
Screenshot_20240831_065747_WhatsApp
Quatro anos da morte do colega Raimundo Nonato Santos de Araújo
Screenshot_20240827_083723_Chrome
Quatro anos da morte do colega Altamir Lopes Noé
Screenshot_20240811_181903_WhatsApp
Cinco anos do falecimento do colega Josmar Câmara Feitosa

Conte sua história

20220903_061321
Suicídio em Rondônia - Enforcamento na cela.
20220902_053249
Em estrada de barro, cadáver cai de rabecão
20220818_201452
A explosao de um quartel em Cacoal
20220817_155512
O risco de uma tragédia
20220817_064227
Assaltos a bancos continuam em nossos dias
116208107_10223720050895198_6489308194031296448_n
O começo de uma aventura que deu certo - Antonio Augusto Guimarães
245944177_10227235180291236_4122698932623636460_n
Três episódios da delegada Ivanilda Andrade na Polícia - Pedro Marinho
gabinete
O dia em que um preso, tentou esmurrar um delegado dentro do seu gabinete - Pedro Marinho.
Sem título
Em Porto Velho assaltantes levaram até o pesado cofre da Padaria Popular
cacoal
Cacoal nas eleições de 1978 - João Paulo das Virgens