Josias de Souza
Alan Marques/Folha
Em entrevista concedida nesta segunda-feira à rádio CBN, Michel Temer foi submetido a uma pergunta constrangedora. Não teme ser preso, como o Lula? “Eu não temo, não. Não temo. Não temo. Acho que seria uma indignidade. Lamento estarmos falando sobre isso.”
A indagação foi feita a propósito de notícia veiculada pela repórter Mônica Bergamo, na Folha, sobre a intenção de procuradores de impor a Temer “medidas cautelares” depois que ele deixar a Presidência e perder o escudo do foro privilegiado.
“Li essa nota hoje de manhã”, disse Temer. “Então, veja, estamos a oito, nove meses do final do meu mandato. […] Quanta coisa pode acontecer no inquérito [sobre portos]? O que se coloca nessa nota? Setores do Ministério Público dizem: ‘Ah, ah, ah… Ele vai ver lá na frente. Não importa o que vão provar ou não provar, porque nós estamos irritados. […] Este é o quadro.”
Denunciado criminalmente duas vezes, Temer obteve na Câmara o congelamento dos processos, que sairão do freezer quando ele for ex-presidente, a partir de 1º de janeiro de 2019. Além das denúncias, o presidente é alvo de dois inquéritos. Um deles, que apura a suspeita de troca propinas por favores a empresas portuárias, foi prorrogado nesta segunda-feira pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo.
Temer tachou de indevida a investigação, prorrogada por mais dois meses: “É como investigar um assassinato que não tem cadáver.”