A onda de greves deflagradas neste segundo semestre do ano por várias categorias de servidores públicos federais é uma clara demonstração do elevado índice de insatisfação contra a forma de negociação conduzida pela gestão da presidenta Dilma Rousseff, totalmente incoerente com o que vinha sendo apregoado pelo PT quando exercia o papel de oposição. Aliás, o PT, agora na condição de situação, sente na pele que as coisas não são tão simples como podia antes perceber na condição de oposição ao governo. Agora, o Partido dos Trabalhadores pode sentir que jogar pedra no telhado dos outros é muito fácil, difícil é se defender das pedras atiradas contra o seu próprio telhado. A onda de greve envolvendo servidores públicos federais deveria ser melhor assimilada pelo governo do PT, cuja filosofia de protestos predominou durante muitos anos.
Ora, se existem greves é porque não está havendo sintonia entre governo e servidores. Se o servidor protesta é porque não está sendo valorizado, principalmente em termos financeiros e condições adequadas de trabalho. O governo federal tem sido maleável diante de situações menos importantes do ponto de vista do trabalhador, aplicando bilhões para socorrer bancos quebrados, enquanto o caos ganha proporções ainda maiores no setor de saúde pública, que poderia ser encarada como prioridade, mas não é. O servidor público federal sente-se desvalorizado por um governo, cujo partido sempre lutou por melhorias para a classe trabalhadora.
O aposentado, que se dedicou praticamente durante toda a vida ao seu trabalho, tem sido massacrado, desvalorizado, discriminado. O aposentado não tem sido beneficiado com reajustes salariais pelo governo, numa grande afronta aos direitos humanos, somente porque não ‘produz mais’. No Brasil, o aposentado é como uma laranja que, enquanto tem sabor é degustada, mas depois é jogada fora, simplesmente porque o seu bagaço não tem mais nutriente. As greves representam um palanque onde os trabalhadores extravasam todo o seu descontentamento com uma situação que não lhes favorece, e onde cobram o cumprimento de deveres constitucionais por parte do governo. O servidor público, assim como todos os trabalhadores brasileiros, precisa ser valorizado porque é peça fundamental para que a engrenagem do governo possa funcionar bem.