O Partido dos Trabalhadores aparece como um dos grandes derrotados das eleições e fica ainda mais longe da possibilidade de voltar ao Palácio do Planalto com Lula em 2018. Lideranças veem %u201Cperseguição%u201D
Patrícia Rodrigues – Especial para o CB /
AFP / NELSON ALMEIDA
A derrota do Partido dos Trabalhadores nas urnas acendeu um sinal de alerta para 2018. Nas capitais do país, o PT reelegeu apenas o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre. No próximo 30 de outubro, data do segundo turno, apenas João Paulo (PT) concorre à Prefeitura do Recife. No quadro geral, o PT deixou de comandar 630 prefeituras para ter 231, queda de 63,3%.
O resultado seria fruto de insatisfação, por parte dos eleitores, com o desempenho do PT na esfera federal, acredita o professor de teoria política da Unesp Marco Aurélio Nogueira. “Isso repercutiu no âmbito municipal e respingou até em quem não estava envolvido em casos como a Lava-Jato”, afirmou. Para o professor, se ausência do partido fosse em poucas capitais, poderia ser justificada como um “acidente de percurso”. “Mas o PT não está presente nas principais capitais. É um fenômeno nacional”, disse.
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Em artigo, o ex-ministro da Justiça no governo Lula e ex-governador gaúcho Tarso Genro avalia que o baixo número de candidatos eleitos é fruto de continuidade da política de resistência contra o impeachment de Dilma Rousseff. Segundo ele, os políticos não teriam aproveitado o momento para fazer das eleições um recomeço. “O PT teve muitas candidaturas dignas e autênticas, como as de Raul Pont (em Porto Alegre) e de Fernando Haddad (em São Paulo), mas, em regra, teve um desempenho pífio ou se dissolveu em alianças regionais de conveniência”, diz.
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O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) acredita que o resultado ruim se deve a uma “campanha ensandecida” do Judiciário, por meio da Lava-Jato, e de parte da mídia. “É uma campanha para desacreditar o PT e a própria classe política”, criticou. O parlamentar afirma que o partido precisa de nova direção e rejuvenescer. “Precisa se restruturar para enfrentar o governo que pretende retirar direitos”, argumenta. A derrota de Fernando Haddad, em São Paulo, tido como uma esperança para o partido, gerou críticas internas. “Ele não mirou em quem o elegeu, que foi a periferia. Atendeu a cidade de forma geral, preferiu a classe média”, diz Zarattini. O parlamentar também criticou o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB-SP). “É muito bonito dizer que não é político. Bota a mão na massa para ver”.
O líder do partido no Senado Federal, Humberto Costa (PT-PE), acredita que o péssimo resultado é consequência de perseguição contra o PT. “Antigas lideranças foram presas às vésperas (da votação)”, diz, referindo-se à prisão temporária do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, na operação Lava-Jato. O senador fez mea-culpa e afirmou que o PT precisa fazer um balanço. “Ver os equívocos cometidos que nos fizeram perder apoio de parlamentares e da sociedade”, comentou. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirma que o resultado tem de ser lido dentro do contexto político em que o partido tem sofrido forte ataque. “Não é o resultado que gostaríamos, mas precisamos fazer um balanço profundo das nossas responsabilidades e ter a humildade de corrigir o que precisa ser corrigido”, disse.