Em coletiva de imprensa sobre a nova fase da operação, chamada de Radioatividade, o procurador federal Athayde Ribeiro Costa (à dir.) disse que a investigação mostra que a corrupção não está restrita à Petrobras, mas se espalha por outros órgãos da administração pública; nova fase não “mira” pessoas ligadas a partidos políticos, e sim Othon Luiz Pinheiro, presidente licenciado da Eletronuclear, que foi preso hoje e teria recebido R$ 4,5 milhões em propina; investigação apura formação de cartel e o prévio ajustamento de licitações nas obras da usina nuclear Angra 3 e confirmou informações dadas pelo delator Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa; “Mesmo com a Lava Jato, a corrupção no Brasil ainda não foi estancada. A corrupção no Brasil é endêmica e está em processo de metástase”, disse Ribeiro Costa, defendendo mudanças no sistema de combate ao crime no País
247 – O esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato não está restrito à Petrobras, mas se espalha por outros órgãos da administração pública, disse nesta terça-feira 28 o procurador do Ministério Público Federal Athayde Ribeiro Costa, em coletiva de imprensa sobre a nova fase, chamada de Radioatividade.
Esta parte da investigação, segundo ele, não “mira” pessoas ligadas a partidos políticos, e sim Othon Luiz Pinheiro, presidente licenciado da Eletronuclear, que foi preso hoje. Ele teria recebido R$ 4,5 milhões em propina, de acordo com os investigadores.
A nova fase da investigação apura formação de cartel e o prévio ajustamento de licitações nas obras da usina nuclear Angra 3, no Rio, e confirmou informações dadas pelo delator Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa.
“Mesmo com a Lava Jato, a corrupção no Brasil ainda não foi estancada. A corrupção no Brasil é endêmica e está em processo de metástase”, disse Ribeiro Costa na entrevista, defendendo mudanças no sistema brasileiro de combate à corrupção. Segundo ele, da forma como está o sistema hoje, o crime de corrupção compensa no País.
Em nota, a empreiteira Andrade Gutierrez afirmou que está acompanhando a 16ª fase da Operação Lava Jato e que que sempre esteve à disposição da Justiça. Os advogados da empresa estão analisando os termos desta ação da PF para se pronunciar. A Eletronuclear afirmou que está ciente das informações levantadas pela Operação Lava Jato e que vai investigar supostas irregularidades.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre a coletiva da Lava Jato:
Presidente licenciado da Eletronuclear recebeu R$ 4,5 milhões de propina, diz PF
Ivan Richard – Alvo da 16ª fase da Operação Lava Jato, o diretor-presidente licenciado da Eletronuclear e vice-almirante da Marinha Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso hoje (28) pela Polícia Federal (PF), é suspeito de ter recebido cerca de R$ 4,5 milhões de propina do consórcio vencedor da licitação para execução da montagem da usina nuclear Angra 3, segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal.
De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, o consórcio formado pela empresas Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, EBE e Queiroz Galvão repassava recursos para empresas intermediárias, que repassavam a propina para Othon Luiz Pinheiro da Silva.
Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, que integra a força-tarefa, o repasse de recurso ao diretor-presidente da Eletronuclear ocorreu até dezembro do ano passado, nove meses depois de deflagrada a Lava Jato e após a prisão de vários empreiteiros.
“Há indícios de pagamento de propina por parte da Andrade Gutierrez em contratos desde 2009 para uma empresa de propriedade de Othon Luiz. Os elementos indicam que Othon Luiz recebeu R$ 4,5 milhões”, disse. “A corrupção no Brasil é endêmica e está espalhada por vários órgãos, em metástase”, acrescentou o procurador, comparando a corrupção ao momento em que o câncer se espalha por vários órgãos do corpo.
A 16ª fase da Lava Jato, batizada de Radioatividade, foi desencadeada a partir do depoimento do executivo da Camargo Corrêa Dalton Avancini, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça Federal. Na delação, ele revelou a existência de um cartel nas contratações de obras da Angra 3 e chegou a citar Othon Luiz Silva como beneficiário de propinas. Na ocasião, Silva negou ter participado ou conhecimento de qualquer irregularidade. Em nota à época, ele afirmou que jamais recebeu propina e que vive de sua aposentadoria da Marinha e de seus vencimentos como presidente da Eletronuclear.
“A palavra do colaborador não leva a prisão, mesmo que temporária. Fizemos o nosso trabalho e levantamos as confirmações”, explicou o procurador.
Os presos serão levados hoje para Curitiba, onde se concentram os processos da Lava Jato. De acordo com a PF, a previsão é que cheguem à capital paranaense por volta das 20h e já prestem depoimento amanhã (29).