Doação foi solicitada pelo marido Paulo Bernardo, afirma dirigente
Além de Gleisi, o petista Aloizio Mercadante também recebeu doação via caixa dois da CCR. Foto: Wilson Pedrosa/ABr
O ex-presidente da CCR Renato do Valle afirmou em acordo de leniência fechado com o Ministério Público de São Paulo, doou R$ 3 milhões por meio de caixa dois para a então candidata a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), atual presidente do PT, em 2010. Segundo ele, a doação foi solicitada pelo marido da petista, Paulo Bernardo, ministro do Planejamento do governo Lula à época do pedido.
Bernardo teria enviado um intermediário para tratar da entrega do dinheiro, o que teria sido feito em parcelas, por conta do alto valor.
Ainda de acordo com a empresa, o então senador Aloizio Mercadante (PT-SP) solicitou R$ 3 milhões no mesmo ano e recebeu R$ 1,7 milhão também via caixa dois.
O acordo de leniência foi fechado ontem, 29. Segundo a Folha de S. Paulo, membros do PSDB, como o ex-governador Geraldo Alckmin e o senador José Serra, também receberam os valores indevidos, além do ministro de Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab (PSD).
Alckmin, Serra e Kassab refutam o relato da CCR e dizem que todos os recursos empregados em suas campanhas são legais e foram aprovados pela Justiça eleitoral.
Há pelo menos mais dois tucanos na lista de beneficiados pelo caixa dois da CCR, ainda de acordo com a apuração da Folha. A empresa citou a doação via caixa dois de R$ 1 milhão para o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) em 2012 e R$ 340 mil para Edson Aparecido entre 2012 e 2013. Atual secretário municipal de Saúde de São Paulo, Aparecido era deputado federal e havia coordenado a campanha de Serra à prefeitura em 2012. Em outubro daquele ano, foi escolhido por Alckmin para chefiar a Casa Civil, a pasta mais importante do governo paulista.
A concessionária contou no acordo que também em 2010 doou R$ 1 milhão para Marta Suplicy, quando ela era candidata ao Senado pelo PT. Eleita, trocou o partido pelo MDB em setembro de 2015.