Integrantes da bancada de oposição no Congresso defendem a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar esclarecimentos na nova CPI da Petrobras, que será instalada na próxima semana na Câmara; fato de Lula ter recebido representantes de empreiteiras investigadas na operação Lava Jato é o motivo principal; “Se ele for honesto, se disporia a depor na CPI. Nenhum homem público pode se negar a falar sobre o que fez”, disse o deputado Rubens Bueno (PPS-PR); também são a favor de um convite para que o ex-presidente sente na cadeira da CPI o senador Ronaldo Caiado (DEM) e o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho; senador Aécio Neves (PSDB), entretanto, descartou a medida
247 – Deputados e senadores de oposição defenderam nesta sexta-feira, 20, a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar esclarecimentos na nova CPI da Petrobras, que será instalada na próxima semana na Câmara dos Deputados.
Entre os motivos alegados pelos congressistas está o fato de representantes de empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato terem procurado o ex-presidente para evitar o colapso econômico das empresas. Nesta sexta-feira, o Ministério Público Federal do Paraná pediu o ressarcimento de R$ 4,47 bilhões de seis empresas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras.
“Ninguém pode deixar de dar uma resposta. Se ele for honesto, se disporia a depor na CPI. Nenhum homem público pode se negar a falar sobre o que fez”, disse o deputado Rubens Bueno (PPS-PR). Segundo Bueno, Lula teria viajado em jatinhos das empresas e promovido, antes e depois de seu mandato, as empreiteiras em obras dentro e fora do País.
Outro parlamentar que defende ver Lula sentado numa cadeira da CPI da Petrobras é o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE). “São coisas que se conectam com a pressão sobre o ministro da Justiça, que recebeu advogados (dos executivos das empreiteiras) fora das agendas oficiais. Há todo um ambiente de pressão sobre o poder Judiciário, seja na primeira instância ou no âmbito do Supremo Tribunal Federal. É uma estrutura sendo movimentada com o intuito de abafar o caso”.
Para o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), embora o ex-presidente Lula possa receber quem queira, é preciso ficar atento para possíveis interferências dele no governo.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), é a favor do pedido para chamar o ex-presidente. Caiado lembrou que na CPI mista sobre a estatal que funcionou ano passado já havia apresentado requerimentos para ouvir Lula e também Dilma. Os dois pedidos, contudo, foram rejeitados – no caso da Dilma, por falta de amparo legal por não se poder fazer esse tipo de pedido.
“Vejo a ida dessas duas pessoas como extremamente relevantes. Temos que buscar a falar de quem tem que dar a última palavra, não é o (Pedro) Barusco, o (Renato) Duque, e o (João) Vaccari, porque essas pessoas são como o Delúbio, as tarefeiras”, disse. “Lula e Dilma são os autores intelectuais do processo”, completou. Leia mais
Aécio descarta
Diferente dos colegas de oposição, o presidente do PSDB descartou, em um primeiro momento um eventual pedido de ida do ex-presidente a CPI da Petrobras. Aécio disse que não vai tomar uma “iniciativa individual” na direção de chamar Lula para depor na CPI, embora tenha ressaltado que a comissão tem de estar aberta a “todas as possibilidades”.
O senador criticou o fato de Lula e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, terem recebido representantes das empreiteiras. “Recorrerem a um ex-presidente como se o Brasil fosse uma republiqueta onde a interferência política pudesse mudar o rumo de investigações é desconhecer a realidade de um país que, se não avançou nos seus procedimentos éticos em razão do que aconteceu nos últimos 12 anos, felizmente avançou do ponto de vista da solidez das instituições”, afirmou Aécio.