PMDB tende a fechar questão a favor do impeachment até dia 14, declara Jucá

WhatsApp
Facebook
Twitter



Josias de Souza

Depois de romper com o governo, o PMDB cogita adotar outra providência extrema. Há no partido “uma tendência pelo fechamento de questão a favor do impeachment” de Dilma Rousseff, disse ao blog o senador Romero Jucá, que responde pela presidência do PMDB desde terça-feira (5). A ideia é anunciar a novidade até a próxima quinta-feira, dia 14 de abril, véspera do início das sessões de discussão e votação do impedimento de Dilma no plenário da Câmara.

O fechamento de questão é uma ferramenta que permite ao partido obrigar seus congressistas a seguirem a vontade da maioria em votações de temas considerados vitais, sob pena de expulsão. O mecanismo está previsto no artigo 47 do estatuto do PMDB, dono das maiores bancadas na Câmara e no Senado. O parágrafo 1° desse artigo prevê que a decisão tem de ser aprovada pela maioria das bancadas e da Executiva Nacional.

O parágrafo 2° do mesmo artigo regula as exceções: “Os parlamentares que, em relação à matéria objeto de ‘fechamento de questão’, pretendam ter, por motivos de consciência ou de convicção religiosa, posição diversa, deverão submeter suas razões ao conhecimento e à apreciação” das respectivas bancadas e da Executiva. Abstenções ou votos contrários só serão admitidos quando autorizados pela “maioria absoluta” dos órgãos partidários.

Jucá conversou com o blog no final da tarde desta quarta-feira. Nos vídeos expostos no alto do texto, você assiste aos principais trechos. Na peça grudada rente ao rodapé, vai a íntegra. Antes do início da conversa, Jucá endereçou à comissão de ética do PMDB pedidos de expulsão dos quadros da legenda de dois ministros que resistem à ideia de entregar seus cargos: Kátia Abreu (Agricultura) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia).

“Num momento como esses, não dá para o PMDB tergiversar”, disse Jucá. “Não podemos ter duas, três posições diferentes. A população não entende isso. A política cobra coerência e firmeza.” Além das ações disciplinares contra Kátia e Pansera, há no conselho de ética do partido um processo de expulsão já instaurado contra o ministro Mauro Lopes (Aviação Civil). Os três não são os únicos peemedebistas que permanecem pendurados na Esplanada. Há outros três contra os quais nenhuma punição foi requerida: Helder Barbalho (Portos), Eduardo Braga (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde).

Número dois na hierarquia partidária, Jucá foi alçado à presidência do PMDB depois que Michel Temer decidiu se licenciar do posto. Convertido em alvo preferencial do petismo, Temer avaliou que a liturgia que é obrigado a observar como vice-presidente da República o impedia de exercer o comando partidário na sua plenitude. Sem amarras institucionais, Jucá dispõe de liberdade para atacar, repelir ataques e, sobretudo, articular a estratégia do PMDB para assumir o Planalto.

Instado a avaliar o desempenho de Dilma, Jucá soou cáustico. Disse que a presidente “teve grandes oportunidades” para se conciliar com êxito. Mas conduziu o país para o “penhasco”, para o “despenhadeiro”. A certa altura, o senador coreografou sua metáfora: “O governo está dançando na beira do penhasco…” Para ele, Dilma reduziu o Brasil do posto de “player mundial” para a condição de “país ridicularizado.”

Economista, Jucá refuta a tese segundo a qual o PMDB é sócio da ruína produzida sob Dilma. “No caso da economia e da política, o presidente Michel Temer não era copiloto desse avião, não estava na cabine. O PMDB era comissário de bordo nesse avião. A gente atendida as pessoas, a gente dizia: ‘por favor, aperte os cintos.’ E ‘está aqui na frente o saquinho. Pode vomitar’.”

Jucá não se arrisca a prever o resultado da votação do pedido de impeachment na Câmara. Mas ele parece não ter dúvidas quanto à inevitabilidade da queda de Dilma se o governo permitir que a encrenca seja transferida para o Senado. “Será muito difícil uma mudança de rota se essa matéria passar no plenário da Câmara.” Cabe aos deputados avaliar a admissibilidade da denúncia. Aos senadores compete julgar a encrenca.

Na opinião de Jucá, nem mesmo a simpatia do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conseguirá livrar Dilma do infortúnio. “A última palavra é do plenário do Senado”, disse ele. “Tem um rito já definido.” Renan tem afirmado que, a despeito de suas convicções pessoais, vai se comportar como condutor do processo, lembrou Jucá, antes de realçar um detalhe:

“No dia da votação, não será o presidente Renan Calheiros que vai presidir o Senado, mas o presidente do Supremo Tribunal Federal.” Em contraponto à posição de Renan, que disse esperar que o pedido de impeachment não chegue ao Senado, Jucá declarou: “Eu espero que venha!”

Na última segunda-feira, Lula escorou-se na ironia para atacar Michel Temer num comício em São Bernardo. “Eu não tenho nada contra o Michel Temer”, disse o morubixaba do PT. “A única coisa que eu poderia falar é ‘companheiro Temer, se você quer ser presidente da República, disputa eleição, meu filho. Vai para a rua pedir voto’”, disse Lula, sob aplausos de uma plateia-companheira.

O que Lula declarou, com outras palavras, foi que o PMDB, que não disputa eleições presidenciais há duas décadas, enxergou no infortúnio de Dilma uma oportunidade a ser aproveitada para golpear-lhe o mandato.

Romero Jucá respondeu: “Estamos chegando [à Presidência] através da Constituição. Se Michel Temer virar presidente do Brasil ele será respaldado pela Constituição de 1988. Foi assim com Itamar Franco [o vice que assumiu no lugar de Fernando Collor], poderá ser assim com o presidente Michel Temer.”

O senador insinuou que o padrinho político de Dilma não perde por esperar: “O presidente Lula sabe que nós vamos ter eleições daqui a pouco. O PMDB vai disputar eleições agora em outubro de 2016. […] Minha expectativa é de que o PMDB tenha um resultado muito melhor nas eleiçoes do que o PT terá.”

O repórter quis saber o que será da Operação Lava Jato se o PMDB e seus investigados assumirem o poder central. “O PMDB apoia a Lava Jato”, disse Jucá, ele próprio protagonista de um inquérito no STF por suspeita de envolvimento no petrolão. “Acho que quem vive na vida pública tem que prestar contas. […] Não há nenhum demérito em ser investigado. Demérito é ser condenado. E quem estiver condenado estará fora do jogo.”

E quanto às suspeitas que rondam a cúpula partidária? “O presidente Eduardo Cunha não é o PMDB, eu não sou o PMDB, o Renan não é o PMDB. O PMDB não é uma pessoa. O PMDB é uma ideia, é uma historia, são 50 anos de lutas.” Jucá repetiu: “Se o PMDB assumir o governo, apoiará e cobrará rapidez na investigação e no julgamento da Operação Lava Jato.”

Por que o PMDB não age contra Eduardo Cunha? “Ele foi acionado, o Supremo abriu um processo. Portanto, ele terá direito de defesa. E a partir daí será julgado. Esse não é um caso interno do PMDB. O PMDB não tem instrumentos para julgar. Nós não temos nem as informações do processo. O PMDB apoia a investigação e aguardoa o julgamento. Na hora que tiver o julgamento, o PMDB irá se manifestar. O PMDB não pode prejulgar nem Eduardo Cunha nem ninguém. Na hora que tiver algum tipo de condenação, qualquer pessoa estará fora do partido.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Últimas Notícias

Screenshot_20241010_083144_WhatsApp
Nesta sexta-feira, café da manhã no Sinpfetro
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
Screenshot_20240916_193205_Gallery
Luto - Mauro Gomes de Souza
Screenshot_20240804_200038_Facebook
BEE GEES E O BULLYING - Jair Queiroz
Screenshot_20240730_075200_WhatsApp
Nota de pesar - OLINDINA FERNANDES SALDANHA DOS SANTOS
Screenshot_20240718_121050_WhatsApp
Luto - Adalberto Mendanha
Screenshot_20240714_160605_Chrome
Luto - Morre Dalton di Franco
Screenshot_20240702_125103_WhatsApp
Luto - Cleuza Arruda Ruas
Screenshot_20240702_102327_WhatsApp
Corpo de Bombeiros conduz o corpo do Colega Jesse Bittencourt até o cemitério.
Screenshot_20240701_163703_WhatsApp
Luto - Jesse Mendonça Bitencourt

Últimas do Acervo

Screenshot_20241020_205838_Chrome
Dez anos do falecimento do colega, Henry Antony Rodrigues
Screenshot_20241015_190715_Chrome
Oito anos do falecimento do colega Apolônio Silva
Screenshot_20241005_173252_Gallery
Quatro anos do falecimento do colega Paulo Alves Carneiro
Screenshot_20240929_074431_WhatsApp
27 anos do falecimento do José Neron Tiburtino Miranda
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
07-fotor-202407269230
Vário modelos de Viaturas usadas em serviço pela PC RO
Screenshot_20240831_190912_Chrome
Dois anos da morte do colega Aldene Vieira da Silva
Screenshot_20240831_065747_WhatsApp
Quatro anos da morte do colega Raimundo Nonato Santos de Araújo
Screenshot_20240827_083723_Chrome
Quatro anos da morte do colega Altamir Lopes Noé
Screenshot_20240811_181903_WhatsApp
Cinco anos do falecimento do colega Josmar Câmara Feitosa

Conte sua história

20220903_061321
Suicídio em Rondônia - Enforcamento na cela.
20220902_053249
Em estrada de barro, cadáver cai de rabecão
20220818_201452
A explosao de um quartel em Cacoal
20220817_155512
O risco de uma tragédia
20220817_064227
Assaltos a bancos continuam em nossos dias
116208107_10223720050895198_6489308194031296448_n
O começo de uma aventura que deu certo - Antonio Augusto Guimarães
245944177_10227235180291236_4122698932623636460_n
Três episódios da delegada Ivanilda Andrade na Polícia - Pedro Marinho
gabinete
O dia em que um preso, tentou esmurrar um delegado dentro do seu gabinete - Pedro Marinho.
Sem título
Em Porto Velho assaltantes levaram até o pesado cofre da Padaria Popular
cacoal
Cacoal nas eleições de 1978 - João Paulo das Virgens