Sheherazade e a barbárie: ‘Aqui se faz aqui se paga‘

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Jornalista diz que, se fosse preso por aqui, o brasileiro Marco Archer “seria acolhido pela condescendência do nosso Código Penal. Mas, deu azar de ser flagrado num país sério, onde a Justiça dá o exemplo: aqui se faz, aqui se paga”; condenado à morte por tráfico de drogas, ele foi fuzilado no último sábado na Indonésia; Rachel Sheherazade criticou a reação de movimentos, segundo ela, “‘ditos‘ humanitários contra a morte dos traficantes” e disse que “Dilma pode até fazer cara feia, bater o pé, mandar voltar o embaixador, pode fazer a ‘mise en scène‘ que quiser. Mas não tem poder de interferir na decisão judicial de outro país”
247 – Em mais um comentário polêmico, a jornalista Rachel Sheherazade defendeu nesta segunda-feira 19, na rádio Jovem Pan, a condenação à morte do brasileiro Marco Archer, fuzilado por determinação da Justiça da Indonésia no último sábado 17.

Ela disse que, se fosse preso no Brasil, Archer “seria acolhido pela condescendência do nosso Código Penal. Mas, deu azar de ser flagrado num país sério, onde a Justiça dá o exemplo: aqui se faz, aqui se paga”.

Ouça aqui ou leia abaixo a íntegra do comentário:

A Indonésia tem leis próprias, soberanas, que devem ser obedecidas

Depois de falhar em sua tentativa de conseguir clemência para um dos condenados à morte na Indonésia, o brasileiro Marco Archer, a presidente Dilma mandou dizer, em nota, que estava “consternada e indignada” com a execução do traficante.

Archer foi flagrado em 2003 no aeroporto de Jacarta com mais de 13 quilos de cocaína. Aquela não era sua primeira viagem de negócios. Marco era um traficante tarimbado com 25 anos de experiência. Com o dinheiro do tráfico, levava uma vida fácil, de luxos, festas, mulheres e viagens pelo mundo. Depois de ser julgado pela instância máxima da justiça da Indonésia, se tornou o primeiro criminoso brasileiro condenado à pena de morte.

A Anistia Internacional condenou o governo da Indonésia pela execução. Considerou a pena de morte uma regressão para os direitos humanos.

A presidente brasileira mandou até trazer de volta o embaixador do país “para esclarecimentos”, um gesto que, diplomaticamente, representa um estremecimento nas relações entre os dois países.
Dilma pode até fazer cara feia, bater o pé, mandar voltar o embaixador, pode fazer a “mise en scène” que quiser. Mas, não tem poder de interferir na decisão judicial de um outro país.

Como o Brasil, a Indonésia tem leis próprias, soberanas, que devem ser obedecidas, sob pena de condenação.

Como outros 56 países, a Indonésia também aplica a pena capital.

Ao contrário do Brasil, considerado a principal rota de cocaína na América do Sul e cujas fronteiras dão boas vindas a traficantes de todas as partes, a Indonésia se esforça ao máximo para extirpar o tráfico de suas ilhas.

Em resposta às críticas de movimentos “ditos” humanitários contra a morte dos traficantes, o presidente da Indonésia, Joko Widodo escreveu: “A guerra conta a máfia da droga não pode ser feita com meias medidas, porque as drogas têm verdadeiramente arruinado a vida dos usuários e das suas famílias.”

O potencial de destruição de um traficante só pode ser medido pelas vítimas de seu negócio.

O Brasil é o país com o maior número de viciados em crack e o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo. Dados da Polícia Militar de São Paulo estimam que 80% dos crimes urbanos cometidos no Brasil têm alguma relação com tráfico de drogas.

Vinte mil brasileiros morrem todo ano em pelo consumo de drogas ou por crimes relacionados ao tráfico.

E apenas 5% dos dependentes de drogas conseguem viver em estado de recuperação.

Quer saber a dimensão do o mal que um traficante pode causar? Pergunte a quem perdeu um pai, uma mãe, um filho, uma família para o vício….

No ano 2000, um brasileiro perdeu o próprio irmão para as drogas: o traficante Marco Archer. Seu irmão, Sérgio, que costumava espancar a mãe para tomar dinheiro que lhe sustentava o vício, morreu vítima de overdose.

Em vez de se comover com o próprio drama familiar, e se colocar no lugar das famílias destruídas pelas drogas que ele mesmo vendia, Archer lavou as mãos e preferiu ser um mercador de desgraças.

Se preso no Brasil, seria acolhido pela condescendência do nosso Código Penal. Mas, deu azar de ser flagrado num país sério, onde a Justiça dá o exemplo: aqui se faz, aqui se paga.

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