Temer diz em livro que processo de impeachment tem ‘natureza política’

WhatsApp
Facebook
Twitter


Josias Klayton Amorim
Josias Klayton Amorim
Josias de Souza
Klayton Amorim/UOL

O julgamento de um pedido de impeachment “é de natureza política”, ensinou o professor Michel Temer no livro Elementos de Direito Constitucional. Envolve um “juízo de conveniência e oportunidade.” Não se confunde com um processo judicial. “Foi para permitir esse juízo de valor que o constituinte conferiu essa missão à Câmara dos Deputados (que autoriza o processo) e ao Senado Federal (que julga). Não ao Judiciário, que aplica a norma ao caso concreto, segundo a tipificação legal.”

Impressa pela editora Malheiros, a obra traz uma “explicação” no lugar do prefácio. “Este livro é despretensiosa obra didática”, anotou o autor. “Visa, simplesmente, fornecer elementos de estudo para os alunos dos cursos de Direito Constitucional.” A despeito da desambição, Temer, hoje vice-presidente de uma República em crise, convive com a possibilidade de virar beneficiário do roteiro que dissecou no trecho do seu livro dedicado ao “crime de responsabilidade” —cinco das 232 páginas.

Previsto no artigo 85 da Constituição, o processo por crime de responsabilidade contra um presidente da República “se inicia na Câmara para declarar a procedência ou improcedência da acusação”, explicou Temer. “Se declarada procedente, far-se-á o julgamento pelo Senado”, ele acrescentou, didático. “Fala-se em acusação. Quem pode acusar o presidente da República? Todo cidadão no gozo de seus direitos políticos é parte legítima para oferecer a acusação à Câmara.”

Para enfatizar o seu ponto de vista sobre a diferença entre o juízo político do Legislativo e o julgamento técnico do Judiciário, Temer criou no livro uma cena hipotética. Ao julgar um presidente em fim de mandato acusado de cometer crime de responsabilidade, o Senado se convence da culpa do personagem. Mas decide mantê-lo no cargo para evitar uma conflagração social.

“Convém anotar que o julgamento do Senado Federal é de natureza política”, enfatizou Temer. “É juízo de conveniência e oportunidade. Não nos parece que, tipificada a hipótese de responsabilização, o Senado haja de, necessariamente, impor penas. Pode ocorrer que o Senado considere mais conveniente a manutenção do presidente no seu cargo. Para evitar, por exemplo, a deflagraçãoo de um conflito civil; para impedir agitação interna.”

Temer insistiu: “Para impedir desentendimentos internos, o Senado, diante de circunstância, por exemplo, de o presidente achar-se em final de mandato, pode entender que não deva responsabilizá-lo.”

Suprema ironia: o professor de Direito tornou-se vice de uma presidente que cujo mandato é questionado no início de sua vigência, não no fim. Cabe ao comandante da Câmara, Eduardo Cunha, estrela do PMDB de Temer, decidir se o pedido de impeachment deve ou não ser submetido ao plenário. Chegando ao Senado, a encrenca seria gerida por Renan Calheiros, outro correligionário de Temer.

Divulgada há dois dias pela Confederação Nacional dos Transportes, pesquisa do instituto MDA informou que o governo Dilma é aprovado por apenas por 7,7% do eleitorado. E 62,8% dos entrevistados desejam o impeachment da presidente. Isso num instante em que o TCU ameaça reprovar a contabilidade do governo referente ao ano de 2014. Algo que forneceria aos adversários do governo o pretexto para requerer o impeachment de Dilma.

Guiando-se pelos critérios de “conveniência e oportunidade” mencionados pelo professor Temer, alguém pode argumentar que uma presidente cuja credibilidade derrete com menos de sete meses de exercício do mandato talvez não reúna as condições políticas para se manter no cargo por mais três anos e cinco meses. Levado às últimas consequências, esse raciocínio faria do professor de Direito o próximo presidente da República.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimas Notícias

Screenshot_20250511_075233_WhatsApp
Salve o Dia das Mães
Screenshot_20250510_164254_Facebook
Luto - Heloisa Brasil da Silva
Screenshot_20250416_120604_Facebook
Luto - Paulo Afonso Ferreira
IMG-20250410-WA0078
Feijoada beneficente na Sede do Sinpetro
Screenshot_20250210_151638_WhatsApp
Hoje é o aniversario do nosso colega Francisco Airton Martins Procópio
Screenshot_20250314_174025_WhatsApp
Homenagem do Tribunal de Justiça de Rondônia, a sindicalizada, Maria Ivanilda de Andrade
Screenshot_20241208_210649_WhatsApp
Luto - David Barroso de Souza
Screenshot_20241010_083144_WhatsApp
Nesta sexta-feira, café da manhã no Sinpfetro
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
Screenshot_20240916_193205_Gallery
Luto - Mauro Gomes de Souza

Últimas do Acervo

Screenshot_20250510_164254_Facebook
Luto - Heloisa Brasil da Silva
Screenshot_20250416_120604_Facebook
Luto - Paulo Afonso Ferreira
Screenshot_20250317_110142_Chrome
Luto - Morre o Cel. Walnir Ferro
Screenshot_20250314_174025_WhatsApp
Homenagem do Tribunal de Justiça de Rondônia, a sindicalizada, Maria Ivanilda de Andrade
Screenshot_20250314_130349_Facebook
GUERREIRAS DA LEI: HONRA E CORAGEM DAS MULHERES POLICIAIS CIVIS
FB_IMG_1740562478358
HOMENAGEM "POST MORTEM" AO DR. JOSÉ ADELINO DA SILVA.
Screenshot_20250114_065730_Chrome
Quatro anos do falecimento do colega José Rodrigues Sicsu
Screenshot_20250111_050851_Gallery
Dois anos do falecimento do colega Dativo Francisco França Filho
Screenshot_20250103_061531_Gallery
Quatro anos do falecimento do colega José Jorio Ismael da Costa
Screenshot_20250102_064454_Chrome
Um ano do falecimento do colega André Luiz Otto Barbosa

Conte sua história

Screenshot_20250314_130349_Facebook
GUERREIRAS DA LEI: HONRA E CORAGEM DAS MULHERES POLICIAIS CIVIS
20220903_061321
Suicídio em Rondônia - Enforcamento na cela.
20220902_053249
Em estrada de barro, cadáver cai de rabecão
20220818_201452
A explosao de um quartel em Cacoal
20220817_155512
O risco de uma tragédia
20220817_064227
Assaltos a bancos continuam em nossos dias
116208107_10223720050895198_6489308194031296448_n
O começo de uma aventura que deu certo - Antonio Augusto Guimarães
245944177_10227235180291236_4122698932623636460_n
Três episódios da delegada Ivanilda Andrade na Polícia - Pedro Marinho
gabinete
O dia em que um preso, tentou esmurrar um delegado dentro do seu gabinete - Pedro Marinho.
Sem título
Em Porto Velho assaltantes levaram até o pesado cofre da Padaria Popular